sábado, 16 de junho de 2012

Refletindo sobre a importância da leitura dos clássicos


                Ultimamente tenho andado um pouco afastado da atividade de palestrante, de escritor e de blogueiro devido aos meus estudos universitários. Pois, para mim, não é porque estou em uma faculdade particular que ficarei limitado pelas facilidades proporcionadas pelo fato de estudar em uma instituição privada.  Além de ser isto algo que não admito em um aluno, em qualquer nível em que ele esteja não é algo que consigo aceitar em mim mesmo. Não consigo ficar sem pesquisar outras fontes. Isto é algo que aprendi nos estudos espíritas e que muito me facilita o dia a dia de estudante universitário que não deseja ser só mais um na estatística deste nosso Brasil. E por isto, o tempo que já é escasso, fica ainda menor. Daí minha dificuldade em escrever.
            Bom, esta digressão é apenas uma forma de querer informar às pessoas que leem este blog o motivo de estar tão ausente. Pois minha última postagem, com um texto meu data de outubro do ano passado. E não foi por falta de vontade, mas, infelizmente, tudo tem o seu tempo e momento. E por falar em momento, é justamente por causa de um texto que recebi por e-mail que acabei escrevendo estas linhas. Ele me foi enviado esta semana e a assinatura diz ser do Orson Peter Carrara, escritor, palestrante e editor de livros espíritas. Ele me fez parar pra pensar. O texto tem o título sugestivo: Clássicos de Emmanuel.
            O objetivo do texto é fazer uma propaganda de cinco obras psicografadas pelo Chico Xavier e assinadas pelo Espírito Emmanuel. As obras são: Há dois mil anos, Cinquenta anos depois, Ave, Cristo!, Renúncia e Paulo e Estêvão. Bom, com exceção de Ave, Cristo!, todos os outros livros eu li e também recomendo a leitura para quem ainda não se permitiu a aventura de passear por suas páginas. Entretanto, estranhei, de fato, a atitude do amigo Orson de preocupar-se em apenas destacar a importância da leitura destes livros, e deixar de estimular as obras de diversos outros trabalhadores da seara, tanto de encarnados quanto de desencarnados. Pois se ele se assustou ao perceber que os neófitos em Espiritismo não haviam lido ainda estes romances, imagina se ele perguntasse se alguém, entre estes mesmos neófitos, já tinha lido ou ouvido falar de obras como O Céu e o Inferno, A Gênese e as Revistas Espíritas, para citar os livros da codificação? Imagina se ele fosse perguntar se alguém já leu ao menos UMA obra do importantíssimo escriba chamado Hermínio C. Miranda? E do não menos importante J. Herculano Pires? Não ouso citar nem o Gabriel Delanne. Uma importantíssima obra dele foi publicada pela primeira vez em português e, mesmo já tendo a adquirido, ainda não pude estudá-la, somente folhear suas páginas: Pesquisas sobre Mediunidade. Uma obra contendo material riquíssimo para as reflexões, principalmente, dos estudantes e profissionais das áreas de Psicologia e Psiquiatria, mas que não é divulgada.
            Outra importante obra nesta área e que também não é sequer mencionada em lugar algum, muito menos em eventos intitulados de científicos, em termos de Espiritismo são: Condomínio Espiritual e Os Estigmas e os Enigmas, de Hermínio Miranda. Aqui um detalhe importante: me refiro aqui aos eventos e artigos com os quais tive contato. Podem até ter trabalhado estes conceitos, entretanto falo dos que conheço ou li sobre. São obras de um conteúdo riquíssimo e que também deveriam ser constantemente lembradas. Até Leon Denis, o grande sucessor de Kardec em solo francês [claro que sem compará-lo à grandeza intelectual do Delanne, comparação assaz injusta devido à diferença de estilos e de objetivos nos estudos de ambos], não é constantemente lembrado nem em artigos nem em palestras. Diante disto, ficarei apenas lembrando e estimulando a leitura de romances por parte dos neófitos? Não. Da mesma forma que na escola, desde a alfabetização, eu preciso estimular na criança o interesse por compreender a interrelação entre as palavras, as frases, os períodos, os parágrafos e a coerência e coesão do texto como um todo, apreendendo o seu conteúdo e aprendendo a analisá-lo criticamente, como esqueço de fazer o mesmo em Espiritismo? Não digo que esta seja a atitude do colega escritor e palestrante, pois seria de uma leviandade sem tamanho, pelo simples fato de conhecê-lo muito pouco para querer supor algo em suas atitudes ou palavras.
            Mas, o que de fato desejo ressaltar, é que devemos estimular a leitura de TODA a literatura espírita, e não apenas de romances, mesmo que sejam os psicografados por Chico e de autoria de Emmanuel ou André Luiz. Tesouro muito mais valioso eu considero a Codificação, e nós nos esquecemos [intencionalmente?] de estudar e divulgar suas páginas para estudo. Imagina estes livros? Copiando descaradamente um trecho do texto do Orson, e dedicando às obras por mim já citadas [de Kardec, Hermínio, Delanne, Denis e Herculano], concordo quando ele diz que 

“São livros para serem lidos e relidos continuamente, tal a preciosidade de suas páginas. Interessante porque, à medida que amadurecemos na idade, na experiência de vida e mesmo no conhecimento espírita, mais esses livros crescem em importância ao nosso sentimento e ao nosso raciocínio. Portanto, se você não leu, não perca essa oportunidade de muito aprender”.
Realmente, são ESTAS as obras que devem TAMBÉM, e muito mais, serem lidas e relidas, estudas e esmiuçadas continuamente, por sua capacidade nos fazerem crescer não só intelectualmente, mas, também emocionalmente.
            E principalmente para nós, que somos oradores, escritores, comentadores de tudo o que receba o título de espírita é que fica o compromisso de não esquecer que uma formação doutrinária eficaz e coerente começa e continua sempre da Codificação pra frente, tendo os neófitos de aprenderem desde o momento em que adentram a casa espírita a compreender que é pela base que se começa o estudo da doutrina e não por obras que visam elaborar pensamentos tendo esta base por fundamento para reflexão. Não devemos olhar estes romances com os olhos já acostumados com outras perspectivas, mas, aprender e ser verdadeiramente estimulados a ler estes livros da mesma forma que Kardec se predispunha a ler os romances psicógrafos de sua época. E esta maneira de se olhar só pode ser aprendida e ensinada tendo-se a Codificação [com as Revistas Espíritas incluídas] como “a bússola” e não mero detalhe não tão atrativo.
            Que fique claro que não desejamos diminuir o valor que estes livros possam ter, entretanto, não posso querer atribuir a eles um valor que eu, enquanto indivíduo participante do movimento espírita, não posso racionalmente atribuir-lhes porque não possuo recursos nem intelectuais nem doutrinários suficientemente maduros para avaliar e poder examinar criticamente, sem me deixar levar pelas opiniões alheias, justas ou injustas, embasadas ou não. E é isto o que mais me fez refletir. E entenda-se este texto, não como uma crítica ao que o Orson escreveu, mas, e acima de tudo, estas palavras são no sentido de complementar a advertência feita por ele, mas, sem perder a característica de análise crítica.
            Enfim, que possamos estimular a leitura destes romances, mas, que possamos estimular, acima de tudo, uma eficiente e efetiva movimentação em prol de uma correta formação doutrinária do adepto do Espiritismo. Estimulando-o a amadurecer como indivíduo e a ter condições de estudar tanto os belos romances psicografadas, de um modo geral, mesmo sabendo que não são muitos, quanto os de conteúdo mais denso e que exigem um poder de concentração maior por parte do leitor. Até porque, o contrário seria formar uma classe que por si só já é abominável em qualquer lugar, imagine-se no Espiritismo: a de espíritas não praticantes. Aqueles que se contentam somente em ler os romances e a ir ao centro pra tomar passe, beber a água fluidificada e a ouvir a palestra [ou seria o sermão] do dia...

2 comentários:

  1. Ler e questionar, pois nem todos os livros psicografados, seja lá por quem for, dizem a verdade. Falsos profetas existem em todo o lugar, principalmente no espiritismo.

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  2. Justamente, é preciso incentivar a leitura dos clássicos, principalmente nos espíritas novados. Leon Denis, gabriel Delanne, J. Herculano Pires...,sem falar da própria codificação,a fim de criar uma consciência questionadora evitando a influência perniciosa de diversas obras mediúnicas duvidosas que pululam por aí.

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