sábado, 20 de agosto de 2011

Kardec e os conselhos de Erasto



Considerado por Allan Kardec como um Espírito que produziu comunicações que traziam o cunho incontestável da profundeza e da lógica, Erasto é um daqueles Espíritos a quem podemos chamar de sábio e profundo conhecedor da fenomenologia mediúnica. Não por acaso são encontradas muitas comunicações de sua autoria em um capítulo de O Evangelho segundo o Espiritismo e por todo O Livro dos Médiuns.

O capítulo XX, Influência Moral do Médium, é um destes. Tendo por objetivo aprofundar o conhecimento sobre a influência moral do médium na produção dos fenômenos espíritas, este capítulo é rico em informações para os espiritistas. Nele, Kardec desejava precaver os adeptos do Espiritismo contra o perigo de subestimar ou superestimar a influência dos médiuns na transmissão dos despachos de além túmulo.

Ele deve ser estudado atendendo ao sábio conselho dado pelo codificador, quando alerta que “o estudo prévio da teoria é indispensável, se o médium pretende evitar os inconvenientes inseparáveis da falta de experiência” [1]. Aprendemos neste capítulo que não existem médiuns perfeitos na Terra, mas bons médiuns, o que segundo os Espíritos já é muito, pois eles são raros! Até porque,

“O médium perfeito seria aquele que os maus Espíritos jamais ousassem fazer uma tentativa de enganar. O melhor é o que, simpatizando somente com os bons Espíritos, tem sido enganado menos vezes”.

É importante observar este trecho com atenção. Primeiro, porque não existe médium infalível. O que nos leva à certeza de que não há comunicação isenta de falhas, muito menos inquestionável. Segundo, porque se o melhor médium é o que tem sido enganado menos vezes, como supor que exista algum ‘intocado’ pelos Espíritos inferiores? Por exemplo: justamente pelo valor da sua história e da sua importância para o movimento espírita brasileiro e mundial, supor ser o Chico Xavier perfeito e isento de falhas seria demonstrar ignorar os mais básicos princípios do Espiritismo. Condenar uma análise crítica feita sobre alguma das suas obras psicografadas seria ignorar as insistentes recomendações feitas por Kardec e principalmente por São Luís quando afirma que

“Por mais legítima confiança que vos inspirem os Espíritos [...], há uma recomendação que nunca seria demais repetir e que deveis ter sempre em mente ao vos entregardes aos estudos: a de pesar e analisar, submetendo ao mais rigoroso controle da razão TODAS as comunicações que receberdes; a de não negligenciar, desde que algo vos pareça suspeito, duvidoso ou obscuro, de pedir as explicações necessárias para formar a vossa opinião”(Grifos nossos). [2]

A questão 10, do capítulo supracitado é valiosíssima por afirmar que

“Os Espíritos bons permitem que os melhores médiuns sejam às vezes enganados, para que exercitem o seu julgamento e aprendam a discernir o verdadeiro do falso. Além disso, por melhor que seja um médium, jamais é tão perfeito que não tenha um lado fraco, pelo qual possa ser atacado. Isso deve servir-lhe de lição. As comunicações falsas que recebe de quando em quando são advertências para evitar que se julgue infalível e se torne orgulhoso. Porque o médium que recebe as mais notáveis comunicações não pode se vangloriar mais do que o tocador de realejo, que basta virar a manivela de seu instrumento para obter belas árias”.

É incrível observar que se a maioria dos médiuns se propusesse a estudar esta magnífica obra de forma séria e metódica, a prudência teria evitado que diversas obras de conteúdo duvidoso tivessem sido publicadas, o que tornaria o movimento espírita brasileiro muito mais sério, respeitado e livre dos pseudossábios e mistificadores que entravam a sua obra de emancipação de consciências.

Entretanto, por mais sublimes e indispensáveis sejam estas informações, não são as únicas pérolas encontradas neste capítulo. Existe ainda uma advertência de Erasto com relação às comunicações repletas de ideias heterodoxas, “espiriticamente falando” que possam vir dos Espíritos e que poderiam ser insinuadas em meio às coisas boas junto a fatos imaginados, asserções mentirosas, com tamanha habilidade que poderiam enganar as pessoas de boa fé. Ele ainda estimula a eliminação sem piedade de toda palavra e toda frase equívoca, conservando-se na comunicação somente o que a lógica aprova ou o que a doutrina já ensinou; afirma que “onde a influência moral do médium se faz realmente sentir é quando este substitui pelas suas ideias pessoais aquelas que os Espíritos se esforçam por lhe sugerir. É quando ele tira da sua própria imaginação, as teorias fantásticas que ele mesmo julga, de boa fé [mas nem sempre], resultar de uma comunicação intuitiva (Grifos nossos). Erasto também alerta ser necessário aos dirigentes espíritas possuírem um tato apurado e uma rara sagacidade para poder discernir as comunicações verdadeiras e não ferir o amor próprio daqueles que se permitem iludir com jóias falsas.

É neste momento que ele nos oferece um de seus mais famosos e importantes conselhos:

“Na dúvida, abstém-te, diz um dos vossos provérbios. Não admitais, pois, o que não for para vós de evidência inegável. Ao aparecer uma nova opinião, por menos que vos pareça duvidosa, passai-a pelo crivo da razão e da lógica. O que a razão e o bom senso reprovam rejeitai corajosamente. MAIS VALE REJEITAR DEZ VERDADES DO QUE ADMITIR UMA ÚNICA MENTIRA, UMA ÚNICA TEORIA FALSA. Com efeito, sobre essa teoria poderíeis edificar todo um sistema que desmoronaria ao primeiro sopro da verdade, como um monumento construído sobre a areia movediça. Entretanto, se rejeitais hoje certas verdades, porque não estão para vós clara e logicamente demonstradas, logo um fato chocante ou uma demonstração irrefutável virá vos afirmar a sua autenticidade”.

Embora ela tenha se tornado uma regra de ouro [a frase destacada em maiúsculo], conforme J. Herculano Pires afirmou, devendo ser constantemente observada nos trabalhos e estudos espíritas, isolada do seu contexto ela perde a sua riqueza, o seu caráter especial, ficando deslocada e nem sempre parecendo justa. Analisemos a sua estrutura.

Primeiro reencontramos um sábio provérbio: “na dúvida, abstém-te”. Pois quem nunca duvidou não pode afirmar que encontrou a verdade, que adquiriu a convicção. O codificador é um belo exemplo de como a dúvida, sem exageros, conduz à verdade. É valiosíssimo o depoimento de Kardec encontrado em Obras Póstumas, onde ele afirma que um dos primeiros resultados das suas observações foi saber que os Espíritos nada mais são que as almas dos homens, possuindo conhecimentos limitados à sua condição evolutiva e que por isto as suas opiniões tinham o valor de uma opinião pessoal, nada mais. Foi esta verdade, compreendida desde o início que o protegeu de acreditar ingenuamente na infalibilidade dos Espíritos e de elaborar teorias prematuras com base nos ditados de uns ou de alguns [5]. Quantas teorias não são construídas dentro desta perspectiva? Os vários corpos do perispírito, em gritante oposição ao conceito formulado pelo codificador, a magia, as informações e afirmações sobre Física Quântica relacionados com o Espiritismo são alguns exemplos de ‘teorias’ edificadas em informações pessoais dos Espíritos como se fossem absolutamente verdadeiras. Elas não foram observadas, analisadas, criticadas, reavaliadas para serem aceitas como verdades verificadas. Aqui é onde entra a importância da abstenção. Pois se não possuo a firme convicção oriunda da análise sistemática, racional e eminentemente lógica e da experiência, como posso supor que uma determinada informação é verdadeira? Não podemos agir por achismos dentro do movimento espírita.

Em segundo lugar encontramos a importância de passar toda opinião, por menos duvidosa que pareça, pelo crivo da razão e da lógica. Como afirma Erasto, “é incontestável que, submetendo-se ao cadinho da razão e da lógica todas as observações sobre os Espíritos e todas as suas comunicações, será fácil rejeitar o absurdo e o erro” [6]. As palavras destacadas dão um valor importantíssimo à citação. Primeiro porque ressalta a importância de que haja um exame severo sobre os Espíritos comunicantes e suas comunicações. Segundo por que para Erasto, quem assim procede, não encontra dificuldades em perceber a ponta da orelha do mentiroso, do pseudossábio, do fanfarrão. Até porque estes Espíritos mistificadores podem, fingindo amor e caridade, semear a desunião e retardar o progresso da humanidade e da Ciência Espírita ao propagarem seus sistemas absurdos, muitas vezes com a ajuda não só de médiuns imprevidentes, mas de casas espíritas que se julgam privilegiadas, ou onde reinam a superstição e a falta de um estudo sistemático da Codificação. Não é à toa que Herculano Pires escreve que a

“confiança de Kardec na análise racional das comunicações é acertada, mas depende do critério seguro de quem analisa. Por isso mesmo é conveniente fazer a análise em conjunto e recorrer, no caso de dúvida, a outras pessoas de reconhecido bom senso. O Espírito farsante pode influir sobre um indivíduo e sobre um grupo, o que tem ocorrido com freqüência em virtude da vaidade, da pretensão ou do misticismo dominante. Comunicações avulsas e até obras mediúnicas alentadas, evidentemente falsas, têm sido publicadas, aceitas e até mesmo defendidas por grupos e instituições diversas”. [3]

Terceiro, após as considerações acima expostas, compreendemos que o conselho do Erasto visa antes à prudência que o exagero. E isto fica muito claro quando ele desenvolve seu raciocínio, no fim deste parágrafo, ao afirmar que se hoje rejeitamos certas verdades, pelo fato de não estarem devidamente demonstradas amanhã um fato “chocante” poderá afirmar a sua autenticidade. E este é o ponto chave da sua afirmação, pois se não temos certeza de uma opinião, como podemos provar a sua autenticidade? Por mais respeitável que seja o nome que subscreva a comunicação, por mais atraente que seja uma teoria, só o tempo e uma metodologia de pesquisa adequada poderão provar que ela está correta. É por isto que não devemos ter medo de rejeitar uma ideia, sem, no entanto, ignorar que ela pode, se for testada e averiguada, provar estar certa. Esta observação é confirmada por Kardec da seguinte forma:

“Se é certo que a utopia de hoje se torna muitas vezes a verdade de amanhã, deixemos que o futuro realize a utopia de hoje, mas não enredemos a Doutrina com princípios, que possam ser considerados quimeras e a tornem rejeitada pelos homens positivos” [4].

Como pudemos ver nesta sucinta análise, não é absurdo rejeitar dez verdades para não ter que aceitar uma mentira porque não estão clara e logicamente demonstradas. E é justamente por conselhos como estes, compreendidos em seu contexto, que Kardec considerou Erasto um Espírito Superior, pois só um poderia ensinar tanto com tão pouco. O estudo das suas mensagens deve ser obrigatório nas casas espíritas. E diferente de outros “espíritos famosos” da atualidade, muito verbosos e prolixos, com suas dezenas de perispíritos e magos, este sim é um ilustre desconhecido que precisa ser redescoberto!

[1] KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. 23ª Ed. SP – LAKE, 2004. Cap. XVII, p. 177
[2] ______. Idem. Cap. XXIV, item 266, p. 236
[3] ______. Idem, ibidem
[4] ______. Obras Póstumas. 14ª Ed. SP, LAKE – 2007. Segunda parte, Dos Cismas, p. 282
[5] ______. Idem, p. 218
[6] ______. O Evangelho segundo o Espiritismo. 61ª Ed. SP – LAKE, 2006. Cap. XXI, item 10, p. 265

15 comentários:

  1. Bom artigo, Anderson!

    O ideal mesmo seria que até as opiniões dos espíritos que dialogaram com Kardec, incluindo as de Erasto, passassem pelo crivo da lógica e da razão de cada um de nós.

    Abraço!

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  2. Olá Vital, obrigado.

    E sobre o que você postou, creio que todos que nos dizemos Espíritas, ao menos em sua maioria, já refletimos e verificamos criticamente os ensinos dos Espíritos. Senão, como poderíamos nos chamar 'espíritas'?

    Obrigado por aparecer por aqui.

    Fica com Deus e um forte abraço!

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  3. Anderson, o teu artigo vem em muito boa hora. O bom senso tão recomendado pelo codificador e pelos espíritos que participaram da codificação tem sido esquecido em nosso movimento. Mas parece que começa a emergir uma reação a este estado de coisas.

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  4. Recebi por e-mail este comentário e gostaria de publicá-lo para compartilhar com todos.

    "Olá Anderson,

    Parabéns mais uma vez pelo comentário firme e seguro.

    Aproveito para fazer um comentário rápido.

    Se uma pessoa lê o Espiritismo e não concorda com o que os Espíritos afirmaram, sem querer está seguindo a recomendação de Erasto, de preferir rejeitar 10 verdades do que aceitar uma mentira.

    Porém, o problema maior é uma pessoa aceitar o Espiritismo, mas querer alterá-lo sem critério algum. São pessoas que por mais bem intencionadas caem na tentação de aceitar verdades novas e místicas, mas sem respaldo científico ou doutrinário. Essas sim, fazem pior do que aqueles que rejeitam o Espiritismo, pois se dizem espíritas e não agem como tal e em particular, não agem de acordo com as recomendações de Erasto.

    Um abraço,
    Alexandre F. Fonseca"

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  5. Infelizmente, quando os casos exigem que "cortemos na própria carne" do movimento espírita e seus tradicionais orientadores jesuíticos, Erasto vira retórica, ou nem isso. Parabéns, Anderson.

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  6. É preciso sim ter o 'crivo da lógica e da razão', mas acho que pouca gente sabe fazer isso direito. A maioria acaba descambando para a negação sistemática e dando força a críticos obstinados dos fundamentos do espiritualismo. Em tudo é necessário equilíbrio e é impressionante como a personalidade humana pode viciar seu pensamento. O excesso de zêlo também é um mal.

    Ademir Xavier
    eradoespirito.blogspot.com
    spiritistknowledge.blospot.com

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  7. Ademir,

    Concordo que muitos não sabem utilizar o 'crivo da razão e da lógica', o que acaba gerando péssimos exemplos de conduta pelos seus extremimos e exageros. De certa forma, são estes exemplos que fomentam a manutenção da compreensão equivocada do termo ortodoxia, como algo dogmático, extremista, violento e cego.

    E sobre a questão do excesso de zelo, que melhor exemplo devemos buscar senão o do próprio codificador do Espiritismo?

    Obrigado pela sua participação meu amigo,

    Anderson.

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  8. Anderson, ontem em nosso grupo de estudos, estávamos no capítulo de sonambulismo. Nunca consegui compreender plenamente esse capítulo. Restam muitas dúvidas. Vim pesquisar aqui em blog, mas parece que não há matéria ainda sobre o assunto. Vc tem alguma fonte para leitura ? Grata.

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  9. Gostei. Não deixa de ser uma belo artigo em homenagem aos 150 de O livro dos Médiuns.

    Acredito,pessoalmente, que, embora ainda exista muita mistificação no movimento espírita, também não podemos generalizar. Existem belíssimos trabalhos sendo realizado, como o deste blog.

    Convém ainda salientar que aquilo que para "X" é mistificação, para "Y" pode não ser.

    Neste ínterim, podemos utilizar da figura do "homem médio" (muito utilizado no direito) para discernir o que pode ser considerado aceito, aceitável ou impossível.

    Todavia, a universalidade do ensino dos espíritos ainda é o melhor controle.

    Embora seja uma questão bastante polemica, considero, por exemplo, que as colônias espirituais fazem parte desses ensinos coletivos dos espíritos (universalidade). Por outro lado, o ensino da reencarnação no plano espiritual é uma opinião isolada que não constitui Lei (considero, inclusive, absurda essa opinião).

    São questões "espinhosas" que devem ser analisadas de forma isenta, sem espírito de oposição sistemática.

    Abraços.

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  10. Érica, sempre tive vontade de escrever sobre este assunto, mas, nunca consegui. Vou me organizar para fazer isso. E dá uma leitura nas obras de Gabriel Dellane, como Pesquisas Sobre Mediunidade, O Espiritismo perante a Ciência e A Alma é Imortal. Tem um bom material por lá.

    Abração.

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  11. Parabéns pelo texto elucidador, e é importante frisar que se formos querer ou falar de espiritismo na essência não temos como esquecer as obras que fundamentam Doutrina dos Espíritos e essa fora codificada com uma metodologia impecável do Sr. Allan Kardec, agora se não é espiritismo pode ser qualquer coisa, basta fazer uma boa mistura repleta de contradições, previsões e etc e etc que contrariam ou vão contrapor os seus fundamentos, afinal tem espaço para tudo e para todos. Abraços fraternos e mais uma vez parabéns pelo excelente post!

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  12. Os espiritos que estão apegados a matéria pedem coisas matérias.

    Os espiritos de luz não pedem e nem precisam de coisas matérias, eles pregam somente as Virtudes, a elevação moral, a caridade, a honestidade, a disciplina, a ordem, os espiritos de luz não vão mandar ninguém beber, fumar, fazer despachos, sacrificar pobres animais, somente espiritos sem luz ainda apegados a matéria é que pedem essas coisas matérias.
    Os espiritos de luz procuram ESPIRITUALIZAR E MORALIZAR AS PESSOAS, como que uma pessoa vai se espiritualizar e se elevar moralmente, usando cigarros, charutos, bebidas alcoólicas????
    Existe melhoria moral e espiritual em beber e fumar e matar pobres animais para as entidades????
    Tais praticas vão materializar os pensamentos e os sentimentos das pessoas, ou seja, isso vai baixar o nível moral e espiritual dessas pessoas e vai atrair pela sintonia mental alcoólatras e tabagistas desencarnados.
    Somente espiritos viciados do plano astral é que pedem bebidas alcoólicas, cigarros e charutos.
    Só aceite os ensinamentos dos espiritos desencarnados quando eles tiverem RACIONALIDADE, BOM SENSO, LOGICA, MORALIDADE e VIRTUDES, sem isso evite esses espiritos.
    Cuidado com essas entidades que bebem e fumam e pedem a matança de pobres animais, os espiritos de luz não pedem SANGUE, NEM BEBIDAS ALCOOLICAS E CIGARROS.

    Devemos desconfiar dos nomes bizarros e ridículos usados por certos Espíritos que desejam impor-se à credulidade. Seria extremamente absurdo tomar esses nomes a sério.
    Devemos igualmente desconfiar dos Espíritos que se apresentam com muita facilidade usando nomes bastante venerados, e só com muita reserva aceitar o que dizem. Nesses casos, sobretudo, é que um controle severo se torna indispensável. Porque é freqüentemente a máscara que usam para levar-nos a crer em pretensas relações íntimas com Espíritos excelsos. Dessa maneira eles lisonjeiam a vaidade do médium e se aproveitam dela para o induzirem a atos lamentáveis e ridículos.

    Os Espíritos Elevados e Superiores e os bons espíritos, só tratam de princípios morais elevados, que visam a melhoria moral e espiritual do ser humano, eles nunca vão tratar de assuntos matérias terra a terra,o ser humano precisa se espiritualizar se elevando acima das coisas matérias, devemos buscar é as Virtudes.
    Esses espíritos que se apresentam nesses centros pedindo cigarros, bebida, charutos, velas, despachos, cachaça, só podem ser espíritos apegados a matéria, e muitos deles são maldosos, gozadores, embusteiros e obsessores, usam nomes falsos e pomposos e uma Linguagem melosa para enganar as pessoas, eles falam macio, cuidado.
    São lobos em pele de ovelhas.

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  13. O Mestre Allan Kardec fala em seus Livros, que devemos passar pelo Crivo severo da Razão e da Lógica todos os ensinamentos e mensagens que venha do plano espiritual, só devemos aceitar o que tiver uma base Moral e Racional elevada.

    Reconhece-se a categoria dos Espíritos pela sua linguagem. A dos Espíritos verdadeiramente bons e superiores é sempre digna, nobre, lógica, livre de contradições. É uma linguagem que revela sabedoria, benevolência, modéstia e a mais pura moral, sendo concisa e sem palavrórios inúteis. Quanto aos Espíritos inferiores, ignorantes ou orgulhosos, a falta de idéias é quase sempre suprida pela abundância de palavras. Todo pensamento evidentemente falso, toda máxima contrária à verdadeira moral, todo conselho ridículo, toda expressão grosseira, trivial ou simplesmente frívola, enfim, todo o sinal de malevolência, de presunção ou de arrogância são provas incontestáveis da inferioridade do Espírito.

    Os Espíritos superiores só se ocupam das comunicações inteligentes destinadas à nossa instrução. As manifestações físicas ou puramente materiais pertencem mais especialmente às atribuições dos Espíritos inferiores, vulgarmente designados por Espíritos batedores. Como entre nós, os trabalhos pesados cabem aos carregadores e não aos sábios. Seria absurdo que os Espíritos, mesmos os que ainda são pouco elevados, gostassem de fazer demonstrações.

    Um dos característicos dos maus Espíritos é a imposição. Dão ordens e desejam ser obedecidos. Os bons nunca se impõem. Aconselham, e, quando não são ouvidos, retiram-se. Disto resulta que a sensação produzida pêlos maus Espíritos é sempre penosa e fatigante, originando uma espécie de mal-estar. Amiúde provocam uma agitação febril, movimentos bruscos e desenfreados. Ao influxo dos bons Espíritos, pelo contrário, as sensações são mansas e suaves e produzem um admirável bem-estar.

    Os Espíritos bons jamais dão ordens: não querem impor-se, apenas aconselham e se não forem ouvidos se retiram. Os maus são autoritários, dão ordens, querem ser obedecidos e não se afastam facilmente. Todo Espírito que se impõe trai a sua condição. São exclusivistas e absolutos nas suas opiniões e pretendem possuir o privilégio da verdade. Exigem a crença cega e nunca apelam para a razão, pois sabem que a razão lhes tiraria a máscara.

    Estudem Kardec cuidado com os romances mediúnicos

    Wilson Moreno

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  14. O Mestre Kardec explica em suas obras e artigos, que os espiritos mistificadores e embusteiros tomam nomes falsos e venerados, nomes importantes para IMPRESIONAR as pessoas e enganalas, eles tomam nomes de santos, anjos, sábios e da própria Virgem Maria e usam freqüentemente uma LINGUAGEM melosa, doce e meiga para seduzir as pessoas, eles são maliciosos e sedutores, para evitar isso Kardec orienta que devemos PASSAR TUDO PELO CRIVO SEVERO DA RAZÃO E DA LOGICA, só demos aceitar o que tiver racionalidade, bom sendo, lógica e uma moralidade alta, vejamos as explicações de Kardec.

    Revista espírita ANO 1 - OUTUBRO 1858 - Nº. 10

    Seja por entusiasmo, por fascinação dos Espíritos, ou por amor-próprio, em geral o médium psicógrafo é levado a crer que são superiores os Espíritos que com ele se comunicam, SOBRETUDO QUANDO TAIS ESPÍRITOS, APROVEITANDO-SE DESSA PRESUNÇÃO, ADORNAM-SE DE TÍTULOS POMPOSOS, TOMANDO NOMES DE SANTOS, DE SÁBIOS, DE ANJOS E DA PRÓPRIA VIRGEM MARIA, CONFORME A NECESSIDADE E SEGUNDO AS CIRCUNSTÂNCIAS. E, PARA DESEMPENHAR SEU PAPEL DE COMEDIANTES, CHEGAM ATÉ MESMO A PORTAR A INDUMENTÁRIA EXTRAVAGANTE DAS PERSONAGENS QUE REPRESENTAM.

    Tirai suas máscaras e vereis que se transformam no que sempre foram: ilustres desconhecidos; é o que necessariamente devemos fazer, tanto com os Espíritos, quanto com os homens.

    Da crença cega e irrefletida na superioridade dos Espíritos que se comunicam, à confiança em suas palavras não há senão um passo; é o que também acontece entre os homens. Se conseguirem inspirar essa confiança, haverão de sustentá-la por meio de sofismas e dos mais capciosos raciocínios, perante os quais freqüentemente inclinamos a cabeça. Os Espíritos grosseiros são menos perigosos: reconhecemo-los imediatamente e só inspiram repugnância.
    Os mais temíveis, em seu mundo, como no nosso, são os Espíritos hipócritas: falam sempre com doçura, lisonjeando as mentes predispostas; são meigos, aduladores, pródigos em expressões de ternura e em protestos de devotamento. É preciso ser realmente forte para resistir a semelhantes seduções. Mas, direis, onde estaria o perigo, desde que os Espíritos são impalpáveis? O perigo está nos conselhos perniciosos que dão, aparentemente benévolos, e nos passos ridículos, intempestivos ou funestos a que somos induzidos. Já vimos alguns Espíritos fazerem com que certas pessoas corressem de país em país, à procura das coisas mais fantásticas, sob o risco de comprometerem a saúde, a fortuna e a própria vida. Vimo-los ditar, com toda aparência de gravidade, as coisas mais burlescas, as máximas mais estranhas.

    ANO 1 - OUTUBRO 1858 - Nº. 10

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  15. SE NÃO QUISERMOS SER VÍTIMAS DE ESPÍRITOS LEVIANOS, É NECESSÁRIO JULGÁ-LOS, E PARA ISSO TEMOS UM CRITÉRIO INFALÍVEL: O BOM SENSO E A RAZÃO.

    Sabemos que as qualidades de linguagem, que caracterizam entre nós os homens realmente bons e superiores, são as mesmas para os Espíritos. Devemos julgá-los por sua linguagem. Nunca seria demais repetir o que a caracteriza nos Espíritos elevados: é constantemente digna, nobre, sem basófia nem contradição, isenta de trivialidades, marcada por um cunho de inalterável benevolência. Os bons Espíritos aconselham; não ordenam; não se impõem; calam-se naquilo que ignoram. Os Espíritos levianos falam com a mesma segurança do que sabem e do que não sabem; a tudo respondem sem se preocuparem com a verdade. Em mensagem supostamente séria, vimo-los, com imperturbável audácia, colocar César no tempo de Alexandre; outros afirmavam que não é a Terra que gira em redor do Sol.
    RESUMINDO: TODA EXPRESSÃO GROSSEIRA OU APENAS INCONVENIENTE, TODA MARCA DE ORGULHO E DE PRESUNÇÃO, TODA MÁXIMA CONTRÁRIA À SÃ MORAL, TODA NOTÓRIA HERESIA CIENTÍFICA É, NOS ESPÍRITOS COMO NOS HOMENS, INCONTESTE SINAL DE NATUREZA MÁ, DE IGNORÂNCIA OU, PELO MENOS, DE LEVIANDADE.

    DE ONDE SE SEGUE QUE É NECESSÁRIO PESAR TUDO QUANTO ELES DIZEM, PASSANDO-O PELO CRIVO DA LÓGICA E DO BOM SENSO. Eis uma recomendação feita incessantemente pelos bons Espíritos. Dizem eles: Deus não vos deu o raciocínio sem propósito. Servi-vos dele a fim de saber o que estais fazendo. “Os maus Espíritos temem o exame. Dizem eles: Aceitai nossas palavras e não as julgueis”. Se tivessem a consciência de estar com a verdade, não temeriam a luz.

    O hábito de perscrutar as menores palavras dos Espíritos, de lhes pesar o valor – do ponto de vista do conteúdo e não da forma gramatical, com que pouco se preocupam eles – naturalmente afasta os Espíritos mal intencionados, que não viriam então inutilmente perder o tempo, de vez que rejeitamos tudo quanto é mau ou tem origem suspeita. Mas quando aceitamos cegamente tudo quanto dizem, quando, por assim dizer, nos ajoelhamos ante sua pretensa sabedoria, eles fazem o que fariam os homens, eles abusam de nós.

    Revista espírita setembro de 1859.


    ...os Espíritos estão longe de ter a soberana ciência e que podem se enganar; que, freqüentemente, emitem suas próprias idéias, que podem ser justas ou falsas; que os Espíritos superiores querem que nosso julgamento se exerça em discernir o verdadeiro do falso, o que é racional do que é ilógico; é por isso que não aceitamos, jamais, nada de olhos fechados. Não se saberia, pois, nela ter ensinamento proveitoso sem discussão; mas como discutir comunicações com médiuns que não suportam a menor controvérsia, que se ferem com uma nota crítica, com uma simples observação, ...


    REVISTA ESPÍRITA
    Jornal de Estudos Psicológicos
    publicada sob a direção de Allan Kardec
    ANO 1 - SETEMBRO 1858 - Nº. 9

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