Muito se tem falado sobre o momento que estamos passando, ao ver o planeta transitando de um mundo de provas e expiações para um mundo de regeneração. Sabemos que tudo o que existe no universo está submetido à Lei do Progresso. E como tudo é harmonia no universo, o nosso planeta também progride.
Este progresso tanto pode ser físico, pela transformação dos elementos materiais que o compõem, como pode ser moral, pela purificação dos Espíritos encarnados e desencarnados que o habitam.
“Fisicamente, o globo passou por transformações, constatadas pela ciência, e que sucessivamente o tornaram habitável por seres mais e mais aperfeiçoados; moralmente, a humanidade progride pelo desenvolvimento da inteligência, do senso moral e do abrandamento dos costumes”.
Saindo de um mundo onde ainda reinam a violência, a sensualidade, o egoísmo e todos os vícios que degradam a sociedade, em virtude da inferioridade da maioria dos Espíritos que a habitam, ela se dirige para uma nova era, marcada pelo reino da fraternidade, da solidariedade, pela valorização das virtudes características de homens de bem, além de uma maior valorização das crenças espiritualistas. Podemos observar também que estes dois progressos citados acima seguem uma via paralela, dado que a perfeição da morada segue de perto a do seu habitante.
Ensinam os Espíritos que essa transição não acontecerá por meio de uma catástrofe que destruirá a geração atual. Ela será gradual, com a nova geração sucedendo a atual “sem que nada seja mudado na ordem natural das coisas”.
“[...] Tudo se passará exteriormente como de costume, com esta única diferença, porém diferença capital, que uma parte dos Espíritos que aí se encarnam, não mais se encarnarão. Num menino que venha a nascer, em lugar de um Espírito atrasado e inclinado ao mal, virá um Espírito mais adiantado e inclinado ao bem”.
Nesse tempo que chega, não será mais uma mudança parcial, limitada a um povo, uma região, o que acontecerá, mas, um movimento universal que se operará no sentido do progresso moral.
“O progresso intelectual realizado até hoje nas mais vastas proporções é um grande passo, e marca a primeira fase da humanidade; porém, sozinho, é impotente para regenerá-la; enquanto o homem for dominado pelo orgulho e pelo egoísmo, utilizará sua inteligência e seus conhecimentos para vantagem de suas paixões e seus interesses pessoais; é por isso que ele os aplica ao aperfeiçoamento dos meios de prejudicar os seus semelhantes, e os destruir.
“Unicamente o progresso moral pode assegurar a felicidade dos homens sobre a Terra pondo um freio as más paixões; unicamente ele pode fazer reinar entre os homens a concórdia, a paz e a fraternidade”.
É em virtude disto que somente o progresso moral poderá derrubar as barreiras entre os povos, fazendo cair os preconceitos de todos os tipos, ensinando ainda aos homens que devem se considerar irmãos chamados a trabalhar uns pelos outros.
Será este mesmo progresso moral que confundirá os homens em uma mesma crença, estabelecida esta sobre as verdades eternas, aceitas por todos e impossíveis de serem discutidas porque assentadas em fatos irrefutáveis.
E para que a felicidade reine, é necessário que a Terra seja habitada apenas por Espíritos que, encarnados ou desencarnados, apenas queiram o bem. É por isso que aqueles que praticam o mal pelo mal, a quem o sentimento do bem não atinge e não faz vibrar as fibras mais íntimas do coração, que não sendo mais dignos de acompanhar o processo de regeneração irão expiar o seu endurecimento ou em mundos inferiores, ou em povos terrestres mais atrasados. Eles serão substituídos por Espíritos melhores, que saberão fazer reinar entre si a justiça e a paz.
“O que distingue [...] os Espíritos atrasados é de início a revolta contra Deus pela recusa em reconhecer qualquer poder superior à humanidade; a propensão instintiva às suas paixões degradantes, aos sentimentos antifraternos do egoísmo, do orgulho, da inveja, do ciúme; enfim, a preferência a favor de tudo quanto é material: a sensualidade, a cupidez, a avareza”.
Não é este um retrato da nossa sociedade atual, onde ainda predominam os vícios que a degradam e não as virtudes que a sublimam? Não é em nossa sociedade atual que predominam a miséria, a fome, a exploração sexual de adultos e crianças? As guerras religiosas que, com ou sem armas, destroçam a vida e esperança de milhares de indivíduos? Quando a Terra estiver livre destes vícios, poderemos ver os homens marchando sem obstáculos em direção a um futuro melhor que lhes está reservado aqui embaixo. Será um verdadeiro prêmio pelos seus esforços, pela sua perseverança por acreditar, por esperar e por lutar para que um mundo melhor exista como realidade para todos, como dissemos, um mundo verdadeiramente superior.
Entretanto, “a maneira pela qual se opera a transformação é bastante simples, e, como se viu, ela é TODA MORAL e não se afasta em absoluto, das Leis da Natureza” [Grifos nossos]. Até porque será pela natureza das disposições morais, mas, acima de tudo, pelas disposições intuitivas e inatas que facilmente distinguiremos a qual das duas gerações pertence cada indivíduo, e não, como vulgarmente se acredita hoje, pela cor de sua ‘aura’.
“A nova geração, devendo fundar a era do progresso moral, distingue-se por uma inteligência e uma razão geralmente precoces, unidas ao sentimento inato do bem e das crenças espiritualistas, o que é sinal indubitável de um certo grau de adiantamento anterior. Ela não será composta exclusivamente de Espíritos eminentemente superiores, mas daqueles que, tendo já progredido, são predispostos a assimilar todas as ideias progressivas e aptos a secundar o movimento regenerador”.
Como podemos observar, não são os aspectos exteriores que demonstrarão qual a natureza deste Espírito e se ele faz parte da geração que chega, ou da que vai. É como na análise crítica que fazemos das mensagens, não importa a quantidade de palavras técnicas, muito menos seu estilo empolado, mas, o seu conteúdo, a profundidade ou superficialidade de suas ideias. A forma não é mais importante que o fundo. A nova geração não virá sob o nome de cristal ou índigo, nem aparecerá com pompa e circunstância. Ela virá silenciosamente, como tantas outras vieram no passado e em toda a história da humanidade terrena sem que ninguém percebesse.
Como ensinaram os Espíritos, a transformação que se operará nos indivíduos será inteiramente moral, e aqueles que esperam ver efeitos sobrenaturais e maravilhosos ficarão muito decepcionados.
“A regeneração da humanidade não tem, pois, absolutamente, necessidade da renovação integral dos Espíritos: basta uma modificação em suas disposições morais; esta modificação se opera em cada um, e em todos que para tal estão predispostos, quando são subtraídos à influência perniciosa do mundo. Aqueles que regressam então, não são sempre outros Espíritos, mas na maior parte das vezes os mesmos Espíritos, pensando e sentindo de outro modo”.
Como podemos entender da citação, não serão expulsos todos os Espíritos do planeta, muito menos os que chegam, não necessariamente estão vindo pela primeira vez. Esta geração será formada de Espíritos como qualquer um de nós, que progrediram o suficiente para serem agentes de transformação, como todos nós podemos ser quando quisermos assumir nossas responsabilidades não somente como Espíritas, mas, como Espíritos imortais, como verdadeiros cidadãos do universo. Esta nova geração marchará para a concretização de todos os ideiais humanitários idealizados.
“Marchando o Espiritismo para o mesmo objetivo, e realizando suas finalidades, ambos se encontrarão sobre o mesmo terreno. Os homens de progresso encontrarão nas idéias espíritas uma possante alavanca, e o Espiritismo encontrará nos homens novos, espíritos predispostos a acolhê-lo”.
E sendo o objetivo do Espiritismo a melhora do homem, proporcionando-lhe uma fé racional e inabalável, fundada em fatos, pela sua potência moralizadora, enfim, por tocar em todos os ramos do conhecimento humano é ele, mais do que qualquer outra doutrina ou filosofia, que está em condições de impulsionar o movimento regenerador. Que venha a era nova, fundada no que os Espíritos são e não no que aparentam ser!
Bibliografia:
Kardec, Allan. A Gênese, os milagres e as predições segundo o Espiritismo. Cap. XVIII, 21ª edição, São Paulo, LAKE, 2003.