Revista Espírita de janeiro de 1866:
"Cada um é livre de encarar as coisas à sua maneira, e nós, que reclamamos esta liberdade para nós, não podemos recusá-la aos outros. Mas, porque uma opinião é livre, não se segue que não se a possa discutir, examinar o lado forte e o fraco, pesar suas vantagens e inconvenientes.
Dizemos isto a propósito da negação da utilidade da prece, que algumas pessoas quereriam erigir em sistema, para transformá-lo em bandeira de uma escola dissidente...
...Se o Espiritismo proclama a sua utilidade, não é por espírito de sistema, mas porque a observação permitiu constatar a sua eficácia e o modo de ação. Desde que, pelas leis dos fluidos, compreendemos o poder do pensamento, também compreendemos o da prece, que é, também ela, um pensamento dirigido para um fim determinado.
Além da ação puramente moral, o Espiritismo nos mostra na prece um efeito de certo modo material, resultante da transmissão fluídica. Em certas moléstias sua eficácia é constatada pela experiência, como demonstrada pela teoria. Rejeitar a prece é, pois, privar-se de poderoso auxiliar para alívio dos males corporais.
Depois da prece, se se está fraco, sente-se mais forte; se se está triste, mais consolado. Tirar a prece é privar o homem de seu mais poderoso suporte moral na adversidade. Pela prece ele eleva sua alma, entra em comunhão com Deus, identifica-se com o mundo espiritual, desmaterializa-se, condição essencial de sua felicidade futura; sem a prece, seus pensamentos ficam na Terra, ligam-se mais e mais as coisas materiais. Daí um atraso no seu adiantamento.
Nas reuniões espíritas a prece predispõe ao recolhimento, à seriedade, condição indispensável, como se sabe, para as comunicações sérias. É dizer que devam ser transformadas em assembléias religiosas? De modo algum. O sentimento religioso não é sinônimo de profissionalismo religioso; deve-se mesmo evitar o que poderia dar às reuniões esse último caráter."
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