É natal. Como sempre, esta é uma época que acaba nos impulsionando para um estado reflexivo sobre o que andamos fazendo com nossas vidas, pois junto com o natal vem sempre a apreensão e as expectativas de um ano novo.
Passeando pelas ruas e avenidas de Recife, capital pernambucana, especialmente nesta época, nos deparamos com alguns outdoors estampando mensagens da Assembléia de Deus com dizeres mais ou menos assim: "não troque Jesus por Papai Noel", "neste natal parabenizemos o verdadeiro aniversariante: Jesus", entre outras.
De fato, nesta época em que muitos entram numa busca insana, em muitos casos, numa louca corrida atrás de presentes, como manda a expectativa criada e alimentada por nossa sociedade consumista, esquecemos não só do verdadeiro significado do natal, como do seu aniversariante. Tudo bem, existem alguns que não o valorizam. Outros que questionam a validade da data, afirmando ser ela mais provável em janeiro. Não importa.
O que importa é que, convencionada esta data, e o seu ainversariante, nos sobra a seguinte reflexão: o que estamos fazendo com os ensinos dados por ele? Quando ele afirmou que os 'seus discípulos seriam conhecidos por muito se amarem', entendia ele apenas os judeus, os cristãos, os protestantes, ou a todos os que SÃO os seus irmãos e discípulos?
Diante da diversidade de opiniões e seguidores que se fazem a seu respeito e da sua doutrina, quem estaria certo?
E nesta época de natal, nesta época de reflexões que deveríamos estar fazendo, cabe nos anatematizarmos?
O que estamos fazendo conosco mesmos?
E nós espíritas, que compreedemos, ou deveríamos compreender melhor os seus ensinos agora clareados pela Doutrina Espírita, que andamos fazendo?
Nos embrenhamos em contendas infindáveis sobre o que seja ou não 'doutrinariamente correto', à semelhança dos antigos fariseus, buscando ocultar nosso desejo de ter nossa opinião acatada? Desconhecendo muitas vezes como definir o doutrinariamente correto do incorreto, desconhecendo muitas vezes o que seja o Espiritismo, não damos vazão nestes momento à nossos vícios e torpezas morais?
E quando pregamos o autoconhecimento baseado em obras duvidosas, estamos praticando uma busca sincera pelo verdadeiro conhecimento? O ato de analisar e pesar com todo o rigor obras e opiniões deverá ser adiado infinitamente só porque não achamos que nos conhecemos devidamente? E quando se dará isto? Não será uma desculpa semelhante a que damos quando, não querendo assumir a responsabilidade de um trabalho caritativo ou mediúnico, alegamos ainda termos inúmeras imperfeições?
Quando Jesus solicitou a cooperação dos seus discípulos, escolheu os doutos e santos ou procurou aqueles sinceros e incultos trabalhadores, no geral analfabetos?
Isto foi para nos demonstrar a incrível capacidade que temos de transcender nossos limites quando assim o desejamos, além de confirmar que a inteligência quando largamente distanciada das questões morais se perde em querelas inúteis, em arrogâncias e vaidades.
E retornando ao Natal, nesta noite que antecede a ceia que tradicionalmene fazemos, que reflexões devemos e podemos fazer?
O que andamos fazendo de nossas vidas? Que significado estamos dando e ensinando aos nossos filhos nesta data tão importante?
Estamos ensinando-o a priorizar as 'coisas' do espírito, ou a se ater com o que é transitório? Estamos ensinando-o a entender o natal como uma época de reunião da família, com a intenção de fortalecer os laços, de relembrar as lições morais espírita-cristãs, a importância do amor, da sinceridade, da amizade, de que os presentes dados são apenas lembranças [embora eu adore ganhá-los, ainda prefiro mil vezes ter minha família por perto] e não o ponto mais importante da noite, enfim, que é época de agradecermos a Deus por tudo o que temos e somos, e o melhor, por sabermos que se ainda não somos melhores, não é por que estamos fadados a ser assim pelo destino, mas que podemos sim ser melhores, mais amáveis, mais inteligentes, mais caridosos, mais esperançosos.
Pois é, é natal, e ano novo também, que seja feliz quem souber o que é o bem, canta Simone todo o ano.
Que façamos desta frase, nosso estandarte. Que façamos desta data um diferencial em nossas vidas, como o momento em que decidimos ser melhores, sejamos espíritas, umbandistas, espiritualistas, budistas, flamenguistas, rubro-negros, alvi-rubros, católicos, protestantes, o que seja!
É tempo de mudar, de sermos melhores, de não apontarmos os erros dos outros, de sermos pacientes, tolerantes, indulgentes, semeadores de esperança, de consolo, de conhecimentos, de cultura, de sabedoria.
Kardec enfatizou que Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más, e podemos ampliar para todos os que nesta data se esforçam para compreender o verdadeiro espírito do natal: o amor.
Nisto, tirando o exagero que algumas vezes encontramos em certas denominações cristãs, concordo com a mensagem do outdoor: não substitua Cristo por Papai Noel, se isto significar a troca do Amor, em seu sentido divino pelas bagatelas materiais que nossa sociedade doente se acostumou a comercializar. Não se importe com o tamanho do presente, mas, sim, com o tamanho do amor que você oferta a quem você ama. O presente emociona, mas é transitório, seu efeito passa rápido. O amor é eterno, seus efeitos só se intensificam com o passar do tempo.
E aí, que reflexões você anda fazendo neste dia? Que lições estamos dando aos nossos filhos?
Que Deus nos abençoe e nos faça compreender, realmente, o que seja o AMOR.
Que Deus seja louvado!
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