domingo, 8 de novembro de 2009

Forespe 2009 - uma visão panorâmica

Olá amigos e leitores, retorno mais uma vez com a incumbência de trazer para vocês, não só uma exposição de como foi o Forespe, mas a minha opinião sobre o mesmo, seu desenvolvimento e encerramento.

Apenas para relembrar, no outro texto (de 22 de outubro) procuramos deixar bastante claro que apoiamos a existência de eventos que promovam o debate, a pesquisa a troca sadia de impressões com vista ao crescimento pessoal e coletivo. E que, assim, a proposta do Forespe como fórum de debates é mais que válida, senão, imprescindível.

E o tema escolhido para este momento, se não se lembram, foi: "REFLETINDO AS PRÁTICAS ESPÍRITAS NO SÉCULO 21".

Tema que ressalta a importância da fazermos uma releitura de nosso movimento e de nossas 'práticas' para observarmos se estamos atentos aos princípios basilares do Espiritismo, para que possamos contruir nosso edifício sobre a rocha firme e não sobre areia movediça, ou, para não colocarmos tijolos irregulares na construção do edifício espírita. E sobre isto escrevi um texto em fevereiro deste ano (http://analisesespiritas.blogspot.com/2009/02/quando-um-artista-de-talento-se-propoe.html), que vale uma lida atenta para entender o que quero dizer.

Entretanto, destaco em minha opinião que a temática não foi utilizada em toda a sua amplitude. Mas e, acima de tudo, que um recurso extremamente vital pra toda e qualquer reunião não foi devidamente utilizado: a prece, como pedido de harmonização e evocação dos bons espíritos para prestarem conosco seus préstimos nos ajudando nos estudos e debates. Um detalhe de capital importância.

E reitero que estou analisando, quase que exclusivamente, a abordagem dos temas e a proposta temática do evento.

Senão, vejamos rapidamente:

No primeiro dia, tivemos a apresentação do Alkíndar de Oliveira (SP), que abordou o tema: “Tribuna Espírita: do Sermão à Reflexão”, onde a proposta era refletir sobre esta forma de divugação doutrinária tão comum aos centros espíritas. Entretanto, no meu entender, o tema não foi devidamente abordado e ele passou rapidamente para a importância do entendimento do que seja o diálogo na casa espírita em substituição aos tão comuns debates [não fraternos] onde cada participante tenta convencer o outro do erro e não somar experiências em busca de um entendimento mútuo.

Assunto válido, mas, seguindo o roteiro do evento, o foco, exclusivamente, deveria ser a problemática tribuna, onde vemos tão constumeiramente os 'sermões' serem ofertados aos participantes em vez da tão propalada reflexão.

E para não dizerem que não fui honesto, deixo um pensamento do autor que vale a pena ser refletido, quando afirma que o objetivo da exposição é fazer com que o ouvinte saiba “extrair de uma informação, uma forma, uma proposta que leva a pessoa a repensar sua própria existência”.
Entretanto, a palestra não foi ruim, foi boa, mas, objetivamente falando, esperava mais.

Logo após, quem assumiu o microfone foi o Alexandre Simão (PE), que tinha a incumbência de abordar o tema: "O Espaço Espírita como oficina de construtivismo moral".

Sobre este palestrante fiquei com uma impressão muito boa e lamentei que ele não estivesse escalado para um segundo tempo no dia seguinte do evento.

Segundo ele, "O grande desafio (das casas espíritas) é fazer com que essas atividades sejam instrumentos de auto cuidado de quem as usa, ou seja, que promova a mudança íntima de quem a realiza. A pergunta é: como esse trabalho pode mexer comigo como pessoa?".

Ele apresentou de início dados da Unesco sobre a realidade religiosa da juventude mundial e trouxe elementos para discussão em trechos das obras de Michel Foucault e Émile Durkheim, que visam justamente esta reflexão sobre a importância de a instituição espírita facilitar aos participantes momentos de reflexão e crescimento moral em busca de uma melhor condição de vida, através da vivência de experiências sadias, pautadas por princípios éticos [no caso, espíritas] que o integre novamente na sociedade, agora como indivíduo consciente, responsável.

Em minha modesta opinião, este não foi somente o ponto alto do evento, mas o mais claro e objetivo.

Após as duas exposições tivemos o primeiro debate com os dois respondendo às questões levantadas pelos congressistas.

À tarde, após o almoço, retomando as atividades tivemos a palestra do Carlos Pereira (PE), que tinha de abordar o tema: "Revendo os Tratamentos Espirituais", tema que nos dava a impressão de que seria muito bem aproveitado. Entretanto, para início, ele apresentou seis pontos que achava importante antes de abordar o tema do dia, e começou apresentando para avaliação geral duas imagens bastante comuns nos estudos da Gestalt. Citarei apenas os pontos que me lembro: 1) Analisar as coisas sempre por um prisma mais amplo, ou em outras palavras, ter uma percepção ampliada dos eventos e situações; 2) Nunca criticar por criticar nem criticar sem conhecer o mínimo possível e desejável (citando trecho de diálogo da obra O que é o Espiritismo); e 3) ter sempre em mente a necessidade de atualização do Espiritismo por força do progresso (utilizando para isto de um trecho de Obras Póstumas, concernente à constituição do Espiritismo).

Assim sendo, não observamos uma 'reflexão' em torno dos tratamentos espirituais que são práticas comuns nas instituições espíritas, tão somente a exposição do que achavam as entidades Odilon Fernandes, pela mediunidade de Divaldo Franco, e Pai João de Aruanda e Joseph Gleber, por Robson Pinheiro, no qual afirmavam que não havia que se mexer nas práticas já confirmadas pelo tempo, não apresentando melhores argumentos sobre como nasceram, como se praticam hoje e o que poderia ser melhorado, ja que a proposta era 'refletir sobre as práticas espíritas no século XXI'. Pois, no campo do Magnetismo (ou o passe como é conhecido), mesmo com toda a confusão em todo o nosso Brasil, um trabalho magnífico (e sem confusões) que está sendo realizado é o do Jacob Melo com o resgate da concepção do 'passe', hoje magnetismo espírita, de acordo com o que pensavam os Espíritos intrutores de Kardec e o próprio, conforme consta em toda a Codificação e Revistas Espíritas. Aí há campo para imensas reflexões.

Entretanto, uma das informações repassadas por uma destas obras, me permitam a excusa de informar não lembrar em qual obra foi, afirmava ser a imposição de mãos suficiente para o tratamento por passes, o que retrata uma opinião que precisa ser pesada e comparada com a realidade das imensas pesquisas em torno do assunto que demonstram o contrário, que as técnicas do magnetismo, conforme apregoava Kardec e retomado por Jacob, dão muito mais resultados, ou ao menos, nos permitem oferecer um tratamento mais completo em termos de fluidoterapia. E é precisamente isto que falta: pesquisas, comparações, experimentações.

Ainda sobre o Carlos, o restante do seu tempo foi para apresentar e reforçar o que ele entende que deva ser abraçado pelo movimento espírita: a Apometria. Guardamos para nós a opinião que temos sobre esta técnica oriunda da hipnometria, embora consideravelmente revisada e ampliada, mas, é uma pena que os outros tratamentos e reflexões que poderiam ter sido suscitados foram eclipsados pela intenção [louvável] do expositor em fazer prosélitos sobre esta tecnica anímica. Ele nem suscitou reflexões sobre o já estabelecido nem conseguiu expor como queria aquilo que acredita como válido. Uma excelente oportunidade perdida, infelizmente.

O último palestrante do dia foi Simão Pedro (MG), que tinha a incumbência de abordar o tema: “Uma Proposta Pedagógica para a Casa Espírita”. Suas reflexões não giraram em torno da existência de um projeto pedagógico intrínseco ao Espiritismo, conforme nos faz entender a estrutura da obra-máter espírita: O Livro dos Espíritos. Embora válidas as suas reflexões ( como esta: “se o Espiritismo é o Consolador Prometido por Jesus, porque não nos sentimos consolados?”), ficou uma certeza de faltava algo dento da exposição: a Pedagogia Espírita.

Mas vamos a alguns pensamentos destacados dele: ele utilizou a parábola do semeador para exemplificar o movimento espírita. Vejamos: "A semente seria a Boa Nova do Espiritismo; a terra onde ela cai são as pessoas que as recebe, ou seja, nós; e o semeador são as casas espíritas" (conforme o blog do Forespe: http://www.forespe.org/acompanhe.html ).

Ele ainda deixou clara a diferença entre o 'semeador' e 'aquele que sai a semear'. Para ele, e concordamos com o raciocínio 'semeadores' seriam as pessoas 'pagas' para exercer uma profissão, uma função. Exemplo: Pintor é uma profissão, 'aquele que pinta' é uma opção. Portanto, em Espiritismo, não temos (graças à Deus!) a figura do 'semeador', daquele que vive do Espiritismo como 'profissional' remunerado. Temos sim, e isto é o importante, 'aqueles que saem a semear', ou melhor, aqueles que levam os ensinos aos outros por opção, por convicção, e não por interesse pecuniário.

Entretanto, ao afirmar que a casa possui três fundamentos primordiais (fraternidade, esclarecimento e beneficência), ele ainda informa que “É preciso construir uma proposta pedagógica que atenda a essas premissas. São elas que vão definir se a pessoa que chega às nossas instituições se sente ou não acolhida”.

Infelizmente, parece que o autor não deu a devida atenção ao fato de que existe, há muito tempo, uma proposta pedagógica espírita constituída e já devidamente revisada. Tanto que ela tem por expoentes: José Herculano Pires e Thomaz Novelino[década de 70] e Dora Incontri são alguns exemplos de quem divulga e busca tornar acessível a compreensão desta proposta pedagógica.

E principalmente, embora falar de Jesus e seus ensinos seja sumamente interessante e gostoso, não esclarecer e definir o que seja pedagogia, seus objetivos, a existência de uma pedagogia espírita, sua aplicabilidade aos projetos da instituição espírita e não-espírita foi uma 'fuga' ao tema que deixou a desejar. Pois, conforme vimos com os outros, muitas outras reflexões tão importantes quanto poderiam, e deveriam, ter sido suscitadas, avaliadas, ou ao menos citadas. Felizmente, no segundo dia, ele cumpriu a contento a incumbência que lhe foi dada.

Ainda tivemos, para finalizar, mais um debate sobre os assuntos do 'segundo módulo', no qual Carlos Pereira e Simão Pedro tiveram a oportunidade de nos ofertar mais um pouco de suas opiniões sobre os assuntos em questão.

O segundo dia foi pródigo de alegrias e surpresas, além de algumas felizes relexões sobre os temas.

José Herculano Pires, emérito escritor e divulgador do Espiritismo no Brasil e que, nos dizeres de Emannuel, foi o 'melhor metro que mediu Kardec', foi enfático ao afirmar, certa vez, que "Se os espíritas soubessem o que é o Centro Espírita, quais são realmente a sua função e a sua significação, o Espiritismo seria hoje o mais importante movimento cultural e espiritual da Terra".

De outra forma foi este raciocínio utilizado por Acácio Carvalho, secretário executivo de Assistência Social de Pernambuco, na tentativa de demonstrar que os espíritas não aproveitam como deveriam as políticas e recursos da União para melhorarem o atendimento e a assistência social tão ao gosto das instituições espíritas.

Ele começou propondo uma reflexão sobre os antecendentes históricos daquilo que hoje entendemos como política assistencialista, cujo início provável, segundo seus dados seria o Judaísmo, aspecto este reforçado por Jesus, o Nazareno, em cujos ensinos encontramos a regra máxima: Amais a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo, além de 'façais ao próximo aquilo que gostaríeis que ele vos fizesse'.

Entretanto, ele consumiu um tempo muito grante ao abordar este aspecto, e acabou produzindo pouco nos outros em termos de reflexões. Ele trouxe informações sobre as declarações da ONU, após a Segunda Grande Guerra, após o ano de 1945, na qual consta a Declaração Universal dos Direitos Humanos, comentou sobre a excelência e vanguarda da nossa Carta Magna, a Constituição Federal, principalemente, no que se refere ao seu discurso, os itens dos artigos 6º, 203º e 1043º. Ainda nos apresentou o modelo de gestão do SUS e do SUAS, que segundo ele, são de interesse do governo de Barack Obama para presente diálogo e futura provável aplicação em terras norte-americanas.

Além de informar sobre a disponibilidade que as intituições espíritas tem de o procurarem em seu gabinete, ou além de informar sobre o CRAS e CREAS. Mais informações aqui: http://www.mds.gov.br/programas/rede-suas .

São afirmações suas, ainda: “Temos hoje no Estado 80 unidades do Programa Vida Nova que atende à pessoas que ficam nas vias da cidade. As casas espíritas ao invés de levarem essas doações para a rua poderiam levar para esses abrigos, o que desestimularia as pessoas a irem pedir nos sinais” e “As pessoas não sabem, mas a permanência de crianças e adolescentes em sinais e esquinas é crime. A mãe que estiver com uma criança de colo pode inclusive perder a guardar do menor. Ao invés de darmos a esmola, poderíamos nos unir a ações oficiais já existentes para fortalecer o trabalho de assistência com e dar-lhe mais qualidade”.

Entretanto, estas informações foram passadas nos últimos momentos da exposição, o que não permitiu um melhor desenvolvimento das mesmas, entretanto, seu papel, julgava ele, já estava cumprido: informar sobre o histórico e a realidade, em termos e ótica do governo, da assitência social já que ele foi convidado para falar como secretário do governo e não como expositor espírita.

Fernando Clímaco (PE), foi o expositor seguinte e abordou o tema: “Do Assistencialismo à Formação Cidadã”, tendo como pano de fundo a exposição anterior, do Acácio Carvalho.

Ele utilizou trechos da Revista Espírita e livros da codificação para embasar o seu ponto de vista sobre a 'marcha do Espiritismo no mundo' conforme o entendeu Kardec.

E ele lança este pensamento para reflexão: “Porque os trabalhos assistenciais são implantados na instituição sem que pensemos em seus reais resultados”?

Certa vez comentou Rosemere Kiss, expositora espírita de Pernambuco em um artigo cujo título peço escusas ao leitor por não lembrar, onde ele afirma o seguinte: como pode um centro espírita manter em suas dependências três gerações de uma mesma família sem oferecer a elas a necessária formação e orientação para sair daquele situação de dependência?

Refletindo sobre o público que quer atingir, que resultados práticos desejamos atingir com esta ação, como realizá-la permitindo que o assisitido seja elevado à condição de cidadão, adquirindo autonomia são algumas de suas propostas de reflexão.

Principalmente, deveria a casa espírita deixar sua função primordial: o estudo do Espiritismo para transformar em um núcleo social, uma verdadeira ONG? Ou deveriam os espíritas e as instituições buscarem integrar-se, numa compreensão do real objetivo do Espiritismo e do Centro Espírita, conforme apregoou Herculano Pires, já citado anteriormente, na tentativa de criarem projetos paralelos semelhantes ao efetuado pela Casa do Caminho instituição beneficente sob a direção e princípios da instituição espírita Mansão do Caminho, cujo representante famoso é o Divaldo Franco.

Estas reflexões são válidas, pois sempre me perguntei, ao ouvir que devíamos 'diminuir' o nível das exposições doutrinárias no C.E. que faço parte pelo fato de existirem ali pessoas humildes, que muitas vezes não conseguiram, como tantas outras, e por motivos vários, concluir nem mesmo o ensino básico, fundamental. Entretanto, estas mesmas pessoas permaneciam vinculadas à instituição, às vezes, por 5, 7 anos sem que ninguém tomasse a iniciativa de auxiliá-la ou, ao menos, estimulá-la a aprender, para compreender a própria doutrina, a si próprio e se permitir buscar uma vida melhor com uma melhor formação acadêmica. Em quantas casas espíritas isto não acontece da mesma forma? Seria por um defeito de percepção dos espíritas ou do Espiritismo?

Entretanto, para realizar esta promoção cidadã do indivíduo espírita não precisamos, conforme já dito, transformar o centro espírita numa ONG. Basta que façamos nossa parte. As ideias e as informações existem. Só falta criarem-se os projetos.

Ele finaliza sua fala desta forma: “Precisamos entender, enquanto movimento, que não podemos ficar a parte da sociedade, nem fazer tudo sozinho. Se nos unimos somos mais fortes e atuantes na prática do bem e ai sim, podemos começar a promover a mudança social que Kardec preconizava como papel do Espiritismo no mundo”. Não era isto que informava, com algumas outras palavras, J.Herculano Pires há mais de 30 anos?

Conforme o primeiro dia, tivemos antes do almoço um breve momento onde os participantes puderam endereçar perguntas pertinentes aos assuntos abordados para que os expositores respondessem.

Como informamos mais atrás, o segundo momento do expositor Simão Pedro foi mais impactante que o primeiro. Agora ele tinha que abordar o tema: “Amor: a grande Mensagem da Evolução”, penúltimo painel a ser apresentado no evento.

Aqui, ao falar de amor, ele conseguiu nos fazer refletir sobre como amamos as pessoas ao nosso redor e qual a diferença entre o amor-egoísta e o amor-altruísta, entre aquele que cobra afeto e aquele que sabe cultivar o afeto.

Ele fez uma belíssima explanação sobre o tema, e ainda nos fez reembrar com carinho a música Monte Castela que é uma singela homenagem, segundo ele, de Renato Russo aos brasileiro que lutaram na 2ª Guerra Mundial na cidade de Monte Castelo, e que é a junção de I Coríntios, 12 (uma carta de Paulo) e de uma belíssima carta de Camões.

Ele ainda ressaltou: “o amor não cobra nada de ninguém. Quando cobramos retorno do outro, estamos exigindo e exigência não é amar”. E refletindo sobre aprender a conviver com pensamentos e posturas diferentes, ele enfatiza: “Esse é o grande desafio do amor”. E nós completaríamos: este é o ensino do Espiritismo que anda esquecido em meio a tantas novidades e novidadeiros, tantos anseios e tantas decepções que sofremos na vida.

Alkíndar de Oliveira, no último painel apresentado com o seguinte tema: "Cultura do Sofrimento x Cultura da Felicidade".

No que podemos informar e afirmar sobre esta exposição, ela foi dada no tempo certo, dentro do que pedia o tema central e sem fugas ao mesmo. Foi interessante observar os seus exemplos em torno do culto ao sofrimento que muitos espíritas mantém equivocadamente e que fazem com que achem que no Espiritismo, a dor é a única forma de crescimento, o que é um erro. E quando me refiro ao 'achem' é às pessoas que não conhecem o Espiritismo, e que quando tomam conhecimento é justamente por informações equivocadas como estas.

A lembrança do Gigante Deitado, pseudônimo de Jerônimo Mendonça, como elemento de reflexão sobre o valor da dor nesta 'cultura do sofrimento' foi muito bom e bastante sugestivo. Se você, meu caro leitor, não o conhece, dê uma olhada neste link: http://espiritismo-br.blogspot.com/2009/05/jeronimo-mendonca-o-gigante-deitado.html.

Analisar a 'Cultura da Felicidade' foi o contraponto de sua exposição. Neste momento ele faz uso de citações de exposições do Jerônimo e muitas citações a livros de autoria de Ermance Dufaux. Com todo o respeito ao autor, creio que faltaram, também, inúmeras outras constantes da codificação, conquanto seja nova a nomenclatura 'reforma íntima', a essência da mesma (mudança de postura, adotando uma nova forma de viver e de encarar a vida) é encontrada satisfatoriamente na antiguidade, com Sócrates, para focar um pensador, e na Doutrina dos Espíritos, inclusive a questão 919-a de O Livro dos Espíritos que seria uma ótima sugestão de 'metodologia' a ser adotada na avaliação contínua de si mesmo, conforme vocabulário tão ao gosto do expositor.

Entretanto, por estas palavras, quero apenas evidenciar que o assunto é amplo e já há bastante bibliografia a ser consultada, de preferência as da Codificação, onde encontramos os princípios, as normas, as Leis Elementares que nos conduzirão a uma melhor compreensão e avaliação de todas as informações, antigas ou novas, dos espíritos ou dos encarnados, espíritas ou não.

E a Cultura da Felicidade é um destes temas tão ao gosto do Espiritismo, pois que nos demonstra quais caminhos são os melhores a tomar para minimizar, ao menos, os efeitos educativos da dor[pois ela é um instrumento educativo, um verdadeiro 'processo pedagógico' da divindidade para conosco] no intuito de nos ver mais amadurecidos e capacitados para galgarmos novos degraus em nossa evolução. Novos degraus em busca da verdadeira felicidade.

E este foi o objetivo, também, da exposição do último painel do domingo. Em seguida, tivemos um rápido debate com o Alkíndar, e no lugar do Simão Pedro (que não pode ficar até o fim por motivos de ordem pessoal) tivemos a participação do Carlos Pereira.

Interessante notar que durante todo o debate o Carlos Pereira estava em transe, conforme fez questão de frizar o Espírito que assumiu provisoriamente sua faculdade mediúnica, para, assim, responder aos participantes as perguntas feitas para o último debate do dia. Não questiono aqui a existência ou não da possibilidade de uma 'mensagem' mediúnica, já que estamos em um evento espírita, entre pessoas que tem como realidade a existência e comunicabilidade dos espíritos. Entretanto, fica para reflexão se é necessário que, em vez dele, outro venha a dar as respostas, no momento do debate. Que fique claro: isto é uma reflexão e não uma censura. Prefiro pecar pela repetição e prudência que ser acusado de afirmar e dizer o que não afirmei nem disse.

Como dissemos no início, e embora possa não parecer, isto é um pálido esboço de tudo o que aconteceu nestes dois dias que participamos do Forespe 2009, evento, repetimos, que é importante e necessário, quando cumpre sua função, por proporcionar um momento não só de reflexão mas, de possibilidade de debate do mesmo entre os expositores e os participantes.

Vale lembrar também os momentos artísticos realizados durante o evento, com a apresentação, inclusive, do Grupo Semente e de Silvério Pessoa e da grata surpresa de ver meu pequenino, junto aos outros congressistas mirins encerrando nossas participações com uma parceria com o Silvério cantando uma música, ao que parece, do Grupo semente. Foi belíssimo!

Não faremos aqui, também e muito menos, uma lista de erros e acertos do evento em si, pois creio ser suficiente a enorme pilha de questionários respondidos pelos participantes com esta finalidade, a ser compulsada e transformada em estatística; deixo aqui, somente, as minhas modestas reflexões em torno dos temas e de suas abordagens, trazendo uma crítica 'construtiva' na intenção de que, se ouvido, não pecarei por apenas falar mal e não apresentar sugestões.

E elas estão espalhadas no texto em forma de reflexões e comentários sobre cada painel e expositor em questão.

Saudamos, ainda, nossos mais novos companheiros de labores espíritas: o coordenador geral do Forespe, Francisco de Assis, o Chico, do Núcleo Espírita Bezerra de Menezes em San Martin e o nosso colega Heleno Vidal, pessoa boníssima que nos facilitou o ingresso no evento e a quem esperamos ser úteis naquilo possamos ajudar com relação ao Forespe e ao Espiritismo como um todo.

Pois bem, é isso meus caros leitores, esta é a síntese que desejei trazer, acrescidas de comentários e sugestões, sobre o evento que ocorreu no Teatro Guararapes do Centro de Convenções de Pernambuco, o Forespe 2009.

Boas reflexões e até a próxima.






Observação: informamos aqui que recorremos a pequenos trechos do blog do Forespe para sermos o mais exato possível nas citações dos pensamentos do expositores. Qualquer semelhança não é mera coincidência.