“Quando se fizer, no futuro, um levantamento dos grandes equívocos do pensamento humano, um deles avultará de maneira singular, entre os maiores: o abandono da doutrina da reencarnação. Creio não exagerar ao dizer que larga parte das mazelas que assolam a civilização moderna se deve ao desconhecimento dessa idéia tão simples e de tão importantes conseqüências morais para o ser humano”. (Hermínio Miranda, in Reencarnação e Imortalidade, capítulo 2)
Todos os estudantes de Espiritismo bem sabem que a Reencarnação, embora sendo um dos seus pilares, não é invenção sua muito menos novidade para a humanidade. Conquanto alguns poucos pensadores, a despeito de sua influência, pensem o contrário, grandes pensadores, cientistas, educadores e filósofos já abraçaram esta doutrina de forma oculta ou pública.
Desta forma, não sendo invenção de espíritas, rápido se percebe ser ela o pilar das mais antigas tradições religiosas do mundo, sejam orientais, sejam ocidentais.
Só para constar, apesar da intensa perseguição que sofre, ela aparece e reaparece no mundo, às vezes com outras roupagens, mas sempre a mesma idéia. Se não, vejamos:
Na Índia, tantos nos Vedas, os documentos religiosos mais antigos da história humana (datam em torno de 10 000 a.C.), e os Upanishades, seus textos complementares, fazem diversas citações sobre o retorno do ser humano (Espírito) em outro corpo físico.
No Jainismo, doutrina que data do século VI a.C., é uma rica e influente derivação do Hinduísmo, constando em sua filosofia o seguinte: “Nossa vida presente nada mais é do que um elo da grande cadeia do círculo transmigratório”; ou seja, da reencarnação.
No Budismo e em sistemas filosóficos diversos ela é a mola mestra.
Pitágoras, Hermes Trimegisto, Sócrates, Platão, Ovídio, Vígilio, Orígenes no passado foram alguns dos seus ilustres defensores.
Na Idade Média, pela força da Igreja Católica, o medo do inferno e da fogueira mantiveram a reencarnação como ensino oculto. Mesmo assim, poucos não foram queimados na fogueira por apresentarem indícios de faculdades mediúnicas, conhecimentos vastos sobre o poder curativos das plantas, ou por acreditarem na reencarnação, contrariando assim, a santíssima Igreja.
Nos séculos seguintes, importantes figuras do cenário científico, literário e filosófico mundial a professaram publicamente: Balzac, Victor Hugo, Théophile Gautier, Benjamim Franklin, Pascal, Goethe, Henri Ford, Gandhi, William Crookes, Schrenk-Notzing, Charles Richet, Alfred Russel Wallace, Monteiro Lobato, Bezerra de Menezes foram alguns dos muitos que ousaram colocar sua reputação e credibilidade em risco por aceitarem, não cegamente nem por imposição, mas por fatos incontestáveis, insofismáveis, a realidade espiritual do ser, do Espírito Imortal.
Pela pesquisa, estudo e experimentação com todo o rigor científico que lhes foi possível, é que suas consciências se sentiram inclinadas, forçadas mesmo, a aceitar a reencarnação.
Também conhecida como Palingenesia (do grego Pali: de novo e genesis: nascimento) ou Doutrina das Vidas Sucessivas, ela é hoje, mais do que nunca, malgrado os céticos e descrentes, a única resposta satisfatória que resolve os problemas do mundo, do ser humano, do seu progresso, das desigualdades sociais, das deficiências morais e físicas, enfim, que dá um alicerce firme para socorrer a dignidade humana.
Trazendo respostas para as clássicas perguntas: de onde sou? Porque aqui estou? Para onde vou? E ampliando ao infinito a responsabilidade dele para consigo, para com o outro e para com a natureza como um todo, na busca de uma adequação aos valores que antes não lhe tocavam as mais profundas fibras da alma; na capacidade de tornar palpável e compreensível o seu presente, passado e futuro; de tornar inabaláveis os laços que nos unem aos seres que amamos, com quem convivemos dez, vinte, trinta anos de nossas vidas e a quem aprendemos a respeitar, amar e querer bem; nos demonstra que o que aprendemos não é sem fundamento pois, sejam os conhecimentos vividos no cotidiano, sejam os conhecimentos acadêmicos, eles não se perdem, antes se avolumam, se aprimoram, dando-nos a capacidade de, se não hoje, amanhã, domina-los.
Mas como há quem a ache um móvel para que possamos desafogar nosso desespero ante a certeza do nada. Como uma desculpa ‘inscrita’ no nosso DNA numa tentativa ridícula, para seres que mal sabiam articular idéias mais complexas e abstratas, como éramos no passado, de tentar minimizar o terror que a idéia do nada nos infundia.
Entre estes que se opõem e os que são a favor, quanta distância, a começar nos discursos.
Enquanto uns apenas teorizam, com poucos e fracos indícios a favor de suas teses, aqueles que defendem a doutrina da reencarnação não só apresentam um corpo teórico muito mais abundante, rico e coerente, como tem em apoio a suas deduções (pois se está na Natureza não é criação do homem) provas e fatos os mais diversos, irrecusáveis, insofismáveis. Quem duvidar que se ponha a pesquisar sobre o assunto.
Aproveitando o ensejo, para quem quiser algumas fontes, no fim do texto iremos dispor de algumas obras que versem sobre o assunto.
Atualmente, há uma crescente retomada nas pesquisas acerca dos assuntos relacionados com a Espiritualidade do ser, com a existência de Deus e com a imortalidade da alma.
Ian Stevenson, Brian Weiss, Amit Goswami, no exterior, são alguns dos nomes que podem ser usados como referências.
No Brasil, a lista é enorme, e toda ela, ou quase, relacionada a estudiosos, pesquisadores e escritores espíritas. Poucos são os que, não citando os Espiritualistas iniciados nestes conhecimentos, se aventuram a tentar compreender e proclamar abertamente suas crenças.
Enfim, de tudo o que foi escrito, sei que foi pouco, pois não tenho a pretensão de ultrapassar, neste texto, os limites de uma resenha; como ia escrevendo, fica-nos a certeza de que não ‘cremos’ em algo que foi moldado em nosso DNA, como dizem alguns geneticistas céticos, mas compreendemos algo que faz parte da Natureza, como uma de suas Leis, que nos faz progredir, melhorar, transcendermos nossos limites. Compreensão essa baseada em amplos, profundos e diversos estudos e fatos!
E lembrando a citação inicial, sobre a surpresa ao elencarmos os nossos maiores equívocos, de que o esquecimento (voluntário?) da doutrina da reencarnação seria, de longe, o maior erro já cometido: certo estava o Hermínio!
Bons estudos!
Bibliografia para pesquisa:
Imortalidade e Reencarnação, Hermínio Miranda.
Vidas Sucessivas, Albert de Rochas.
Muitas Vidas, Muitos Mestres, Brian Weiss.
A Física da Alma, Amit Goswami.
Vinte Casos Sugestivos de Reencarnação, Ian Stevenson,
O Livro dos Espíritos, Allan Kardec.
O Espírito e o Tempo, J. Herculano Pires.
O Problema do Ser, do Destino e da Dor, Leon Denis.
Nota: este texto nasceu após eu preparar, em rascunho, uma palestra sobre este mesmo assunto no Centro Espírita a que sou filiado, com base nas questões 168, 169 e 170 de O Livro dos Espíritos. Ressalto também que nem de longe era minha intenção fazer um primoroso e, por que não, volumoso trabalho sobre o assunto. Quis tão somente dar umas pinceladas sobre o assunto da melhor forma possível.
* Artigo publicado na edição de fevereiro da Revista Internacional de Espiritismo.
Parece que você acertou,o estimulo aos estudos ;Os estudos ,por aqui é apresentado com muita seriedade. Longe de mim aguçar sua vaidade,seu blog é : É um espetáculo de delicadeza e bom gosto.
ResponderExcluirUm abraço afetuoso da amiga,
su
Excelente blog; excelente texto. Bem explicativo, embora seja somente uma resenha.
ResponderExcluirVocê escreve bem, e gostaria de sugerir que expandi-se o assunto tratado aqui, colocando-o em livro, pois talento e sabedoria para tanto você tem de sobra.
Abção e fique com Deus.
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Deixar o link p/ meu blog aqui:
http://horateologica.blogspot.com/
Muito bom esse seu tema de estudo, Anderson ! Estou lendo o livro "Vida antes da vida" do Dr. J. Tucker, um dos sucessores do Dr. Stevenson nesse campo de pesquisa científica sobre reencarnação.
ResponderExcluirUm abraço grande e saudade dos seus posts.
Muito bem construído o texto Anderson. Incluo também na lista dos grandes pensadores que admitiram publicamente a crença na reencarnação Giordano Bruno que inclusive foi queimado na fogueira por propagar idéias "heréticas". Existe até um filme sobre a vida dele que mostra muito bem a crença dele na reencarnação.
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